ATA DA SEXAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 21.5.1991.
Aos vinte e um dias do mês de maio de mil novecentos
e noventa e um, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Quarta Sessão Ordinária da
Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas
e quinze minutos, sendo constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou fossem distribuídas em
avulsos cópias da Ata da Sexagésima Terceira Sessão Ordinária, que deixou de
ser votada face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foi
encaminhada, pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz, 01 Emenda ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 72/91(Processo nº 1142/91). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs
111/91, da Câmara Municipal de Igrejinha/RS; 649/91, da Casa Civil – Gabinete
do Governador do Estado do Rio Grande do Sul; e, 688/91, do Presidente da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Cartões do Secretário de
Estado de Energia, Minas e Comunicações e do Presidente do Poder Legislativo
Municipal de Nova Petrópolis/RS e, ainda, Convite da Federação das Mulheres
Gaúchas, para um encontro, com o objetivo de discutir “As Alternativas Contra a
Violência à Mulher no Rio Grande do Sul”. Às quatorze horas e vinte minutos o
Senhor Presidente suspendeu os trabalhos, nos termos regimentais, sendo os
mesmos reabertos, constatada a existência de “quorum”, às quatorze horas e
vinte e três minutos. A seguir, o Vereador Wilton Araújo solicitou a retirada
do Processo nº 763/91, dos Pareceres a ele apostos pela Assessoria Técnica
Parlamentar, com relação ao mérito do mesmo. Às quatorze horas e vinte e quatro
minutos foram suspensos os trabalhos, nos termos do artigo 84, II do Regimento
Interno, sendo reabertos, constatada a existência de “quorum”, às quatorze
horas e vinte e sete minutos. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a
integrarem a Mesa dos trabalhos os Senhores Vicente Rauber, Diretor do
Departamento de Esgotos Pluviais; Abraham Pocztaruk, diretor-Técnico da
Goldztein; Lauro de Oliveira Lapa e João Manoel Moura Pimentel Fonseca,
Diretores do Hipermercado Big Shop – Cia. Real de Distribuição, que se encontram
na Casa a fim de prestarem esclarecimentos acerca dos constantes alagamentos
observados no Bairro Sarandi, a Requerimento, aprovado, do Vereador Wilson
Santos (Processo nº 1345/91). A seguir, constatada a existência de “quorum”
foram aprovados o Projeto de Decreto do Legislativo nº 07/91 e Requerimento do
Vereador Clóvis Ilgenfritz, solicitando dispensa de distribuição em avulsos e
interstício para a Redação Final deste Projeto, considerando-a aprovada nesta
data. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Clóvis Ilgenfritz discorreu acerca da
Greve Geral contra o Governo Collor e sua política econômica e social, marcada
para os dias vinte e dois e vinte e três do corrente, declarando o apoio de seu
partido ao mesmo e comentando o posicionamento assumido a respeito pelos
funcionários deste Legislativo. Solicitou o apoio de todos os Parlamentares ao
referido movimento. Após, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos
Vereadores Wilson Santos, Artur Zanella e Clóvis Ilgenfritz, acerca do
andamento dos trabalhos face ao Processo nº 1345/91. Dando continuidade, o
Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vicente Rauber, Lauro de
Oliveira Lapa e Abraham Pocztaruk, que discorreram acerca dos alagamentos
verificados no Bairro Sarandi e responderam questionamentos dos Vereadores
Wilson Santos, João Dib, Clóvis Ilgenfritz, Artur Zanella, Dilamar Machado,
José Valdir e Lauro Hagemann, sobre o assunto em debate. Na ocasião, o Senhor
Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador José Valdir, acerca do
andamento do debate resultante do Processo nº 1345/91, bem como do Vereador
Wilton Araújo, sobre o Processo nº 1388/91. Às dezesseis horas, nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou os trabalhos da presente Sessão,
anunciando a realização de reunião conjunta das Comissões Permanentes, após o
término desta Sessão, e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Airto Ferronato e Wilson Santos, e secretariados pelos Vereadores
Leão de Medeiros e Wilson Santos. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será
assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE
(Airto Ferronato): Informamos, aos Srs. Vereadores que está reservado um espaço, nos termos
do art. 100 da Lei Orgânica, para a Tribuna Popular, e usará da tribuna o
Sindicato dos Empregados da Administração das Empresas Proprietárias de Jornais
e Revistas de Porto Alegre. Falará em nome da entidade o Sr. Jones da Silva
Carioti.
Informamos aos Srs. Vereadores que já estão presentes aqui os
representantes do Hipermercado Big Shop, o Diretor do DEP, Vicente Hauber, Cia.
Real de Distribuição, às 14h30min, a fim de prestar esclarecimentos a cerca dos
constantes alagamentos do Bairro Sarandi, a Requerimento do Ver. Wilson Santos,
Proc. nº 1345/91.
Suspendemos a
Sessão por dois minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h20min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h23min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, requeiro que,
ouvido o Plenário, o conteúdo de duas questões de Ordem e de uma participação
minha na tribuna sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 045/91, Proc. nº
0763/91, de minha autoria, que versa sobre a passagem escolar no Município e
que recebeu parecer da Assessoria Técnica Parlamentar da Casa. Nestas Questões
de Ordem e participação na tribuna solicitei ao Sr. Presidente e à Mesa que
fossem dados os motivos para a participação da Assessoria Técnica da Casa,
dando pareceres na questão de mérito dos projetos. Como isto não foi respondido
até o momento, e segundo informações buscadas na Diretoria Legislativa,
continuadamente sem receber resposta, a formação de processo nenhum foi feita nesta
Casa, requeiro a V. Exª que, ouvido o Plenário, sejam desentranhados dos autos
do Processo os dois pareceres dados pela Assessoria Técnica por considerá-los
sem finalidade, destituídos de qualquer cabimento quanto desta análise.
O SR. PRESIDENTE: Tomaremos as providências, tendo recebido seu Requerimento.
Convidamos a fazer parte da Mesa
o Diretor-Geral do DEP e Diretores da Cia. Real de Distribuição.
Havendo “quorum”, passamos à
PROC. Nº 1405/91 – PROJETO DE DECRETO
LEGISLATIVO Nº 007/91, que autoriza o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, a
afastar-se do Estado, no período das 7 horas do dia 24 às 12 horas do dia 26 do
corrente ano.
Parecer:
- da
CJR. Relator Ver. Vicente Dutra: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 007/91. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do
Ver. Clovis Ilgenfritz, solicitando seja o PDL nº 007/91 dispensando de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Liderança com o PT. A palavra
com o Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem tínhamos
intenção, como Bancada, de solicitar que a reunião de hoje tivesse um espaço
para discutir o encaminhamento desse movimento nacional que estará acontecendo
amanhã, quarta-feira, dia 22, e quinta-feira, dia 23. Por entender a
importância de que o fato se reveste, a nossa bancada tinha até feito um
Requerimento, que seria endereçado ao Sr. Presidente, mas, depois, resolveu não
encaminhá-lo, em virtude de a reunião de hoje já estar comprometida com a vinda
do Diretor do DEP. Então, estamos usando o tempo de Liderança para dizer aos
Srs. Vereadores, às pessoas que estão presentes na platéia e, muito
especialmente aos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre, ao
Sindicato dos Servidores da CMPA-Sindicâmara, da nossa visão de que assembléia
que se realizou hoje pela manhã e que decidiu, depois de longa discussão, de
debates, de conscientização, que deveriam também os funcionários da Câmara
entrar em greve, acompanhando o movimento sindical brasileiro, as centrais
sindicais, a CUT, a CGT, as federações nacionais, acompanhando as organizações
civis, como OAB, a ABB, a ARI, outras organizações de cunho altamente
representativo, no sentido de fazer um movimento nacional de reflexão, de
protesto e, fundamentalmente, uma greve de advertência ao Governo Collor e a
sua política econômico-social. Eu acho que a Bancada do Partido dos
Trabalhadores não podia deixar de trazer, aqui, neste momento, o seu apoio e
pedir para os demais Vereadores, a Mesa da Câmara e os demais Vereadores da
Casa, os seus gabinetes também dêem este apoio à greve geral que hoje está
sendo proposta pela sociedade civil brasileira. Por amplos espectros,
independentes de partidos, independentes de credos religiosos, as pessoas neste
País chegaram à conclusão que precisam fazer uma advertência civil, democrática
em alto nível. Uma advertência de quem já está maduro para ter um País
democrático, mas que não está satisfeito com a política que está sendo
implementada pelo Governo Federal. Todos nós assistimos em 1989 às promessas de
campanha; todos nós hoje estamos assistindo uma política que até o 17º mês não
trouxe, sequer, um momento de sossego, um momento em que as pessoas pudessem
pelo menos confiar, pelo menos ter a esperança de que realmente está sendo
feito alguma coisa séria para mudar, pelo contrário, a grande maioria das
atitudes do Governo, nas suas políticas econômicas têm sido, até agora,
políticas recessivas, do desemprego, do arrocho salarial, da dificuldade com os
Estados, da falta de verba para os Estados, da dívida dos Estados, que não
conseguem a rolagem, e assim por diante. Os Municípios sem nenhuma assistência,
sem política habitacional, sem política de saneamento, com as questões mais
graves de transporte, circulação no País completamente à deriva.
Então é preciso que durante dois
dias a população de Porto Alegre, assim como a população do Rio Grande do Sul e
do País, pense, converse e discuta a importância desta advertência democrática
ao Governo Federal no seu todo e ao próprio Congresso Nacional, que precisa ver
que a população está sentindo que o Congresso também não está resolvendo os
problemas que são urgentes.
Para terminar, Sr. Presidente,
trago aqui, em nome da Bancada do PT, o apelo para que esta Casa assuma junto
esta tarefa cívica, independente de partidos ou religiões. Vamos juntos fazer
uma advertência ao Governo Collor, cada um a sua maneira, com os seus conteúdos
para que, de fato, haja uma mudança radical no sentido da melhoria das
condições de vida do povo brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. WILSON SANTOS
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu consulto à Mesa em virtude do
despacho favorável por esta Casa, ao Proc. nº 1345/91, que convocou o Diretor
do DEP, Vicente Rauber aqui presente, convidou os Diretores do Big Shop e da
Cia. Real e foi marcado pela Mesa, com início às 14h30min, além dos convidados
e do convocado, nós temos a comunidade do Parque Minuano que se faz presente
através da Associação e mais os membros e moradores. Eu pergunto na Questão de
Ordem se temos condições de cumprir o que foi aprovado pelo Plenário da Câmara.
O SR. PRESIDENTE: Informamos ao nobre Vereador que o período de Liderança tem espaço
assegurado, portanto passamos a palavra.
O SR. WILSON SANTOS
(Questão de Ordem): Na Questão de Ordem faço um apelo em função da
presença destes representantes da iniciativa privada, Governo e da comunidade
aqui presente, para que possamos então fazer o rito previsto e aprovado pela
Casa e depois as Lideranças. Um apelo que faria então.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, eu havia me inscrito antes de o Ver. Wilson Santos fazer
seu apelo, porque eu me inscrevera, efetivamente, em Comunicação de Liderança
para procurar tratar os assuntos relacionados com os funcionários da Corag, que
estão em processo de greve, mas, tendo em vista, efetivamente, que os
convidados já estão aí, eu gostaria de retirar a minha inscrição, para que ao
final deste debate eu consiga me inscrever novamente para tratar o assunto da
Corag, cujos funcionários também já estão aqui.
O SR. PRESIDENTE: Nós registramos o pedido de inscrição. Nós agradecemos e damos início ao
nosso debate.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Questão de Ordem): Apenas para dizer que, com todo respeito, nós
consultamos antes o Diretor do DEP, dizendo que gostaríamos de ocupar os cinco
minutos iniciais, motivo porque posteriormente poderia ocorrer a necessidade de
os Vereadores irem para as Comissões, havendo um esvaziamento do Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Informamos que compõem a Mesa, além deste
Vereador, o Ver. Leão de Medeiros; o Dr. Abraham Pocztaruk, Diretor Técnico da
Goldztein; Lauro de Oliveira Lapa, Diretor-Geral do Big Shop; João Manuel Moura
Pimentel Fonseca, Diretor do Big Shop; Dr. Vicente Rauber, Diretor de DEP.
Informamos também que está
presente a comunidade do Parque Minuano. Entre outros, nós mencionamos o Sr.
Valdemar Alvez Ferraz, que é o
Vice-Presidente da Associação dos Moradores.
Esse encontro fundamenta-se no
Proc. nº 1345/91, do Ver. Wilson santos, que solicita seja convidado a
comparecer a este Legislativo os representantes do Big Shop e o Diretor do
Departamento de Esgotos Pluviais, para prestarem esclarecimentos e apontar
solução acerca dos alagamentos ocorridos no Parque Minuano, no Bairro Sarandi.
Com a palavra o Dr. Vicente
Rauber.
O SR. VICENTE RAUBER: Meu caro Presidente, Digníssimo, Ver. Airto Ferronato, caro Ver. Leão
de Medeiros, caros representantes do Big Shop, nobres Vereadores; moradores do
Parque Minuano, boa tarde. Inicialmente, o Ver. Airto Ferronato dizia para
falarmos dos problemas de alagamento no Bairro Sarandi. Se nós formos falar de
todos os problemas de alagamento no Bairro Sarandi, certamente iríamos ocupar a
tarde inteira. Vamos situar o problema mais especificamente. Em relação àquela
região chamada Parque Minuano e cercanias, situando o problema em torno do
arroio Passo da Mangueira, mais especificamente em relação à construção do Big
Shop, podemos colocar alguma coisas em relação ao processo, neste momento, em
tramitação na Prefeitura, que é de uma outra construção de grande porte, que é
do Marodin. A questão dos alagamentos provocados naquela região não são
recentes, é antigo, tem uma solução geral e tem uma problemática específica na
qual se insere o Big Shop. A questão geral faz parte de dois sistemas que se
inter-relacionam e que são o sistema de proteção contra as cheia de Porto
Alegre, que é constituído pelos seus diques, Free-way, Castelo Branco, Muro da
Mauá, o dique da Beira-Rio e o dique do Cristal, e que tem um casamento com um
outro sistema, que é o sistema de drenagem urbana. Um tenta evitar a entrada
das águas do rio Gravataí e do rio Guaíba para dentro de Porto Alegre, enquanto
o sistema de drenagem faz todo o esforço, de forma forçada, através das casas
de bomba ou através da gravidade, em retirar as águas através do sistema de
drenagem de Porto Alegre. Para que ambos os sistemas funcionem adequadamente, é
necessário que ambos os sistemas estejam completos. Está aqui conosco também o
Engº Willy e também o Engº Romeu que são de lá, e eu quero usar uma expressão
do Willy, que é muito própria: “Não adianta você reclamar que está chovendo
para dentro de uma casa, quando a mesma ainda não está concluída, faltando uma
parte do telhado”. E é este o problema que acontece em regiões críticas em
Porto Alegre, especialmente, na Zona Norte e em pontos da Zona Sul. Ainda não
foi completado o sistema de drenagem, não foi completado com todas as obras,
além dos problemas que já existem de manutenção, em relação ao sistema já
construído. No caso específico da bacia do Passo da Mangueira falta completar
as obras necessárias a que as águas, especialmente, do Parque Minuano e outras
adjacências, possam ter um escoamento adequado. O que acontece hoje? As águas
do Parque Minuano caem para dentro do arroio Passo da Mangueira, só que na hora
em que tentam entrar lá encontram as águas do próprio Passo da Mangueira, e aí
não entram. É como se fosse uma avenida que tem um fluxo muito forte e não tem
sinaleira, e aí a água não consegue entrar. Quando o Passo da Mangueira chega
junto ao Sarandi, mais uma vez as suas águas encontram um fluxo mais forte do
que aquele que vai. A conseqüência de tudo isso é um congestionamento de águas
que se reflete de forma intensa, especialmente no Parque Minuano. Então o que é
necessário fazer? É necessário criar uma tubulação, através das quais as águas
daquela região possam escoar, que essas águas possam chegar até uma casa de
bombas e que esta ajude então o escoamento dessas águas, através do dique do
próprio arroio Sarandi, que precisa ser completado. Esta é a problemática
geral, e é uma problemática existente, desde que há todo um problema de
urbanização daquela região. Quanto às questões específicas, propriamente ditas,
da região, elas foram efetivamente agravadas com a implantação do Big Shop. Não
que elas não existissem, mas apenas sofreram um agravamento com a área do Big
Shop, que era uma área alagadiça, como é uma área onde se pretende instalar a
Marodin e por onde as águas do Passo da Mangueira facilmente conseguiam antes se
espraiar. Agora, com o aterro existente do Big Shop, com o aterro também que se
faz na terra da construção do Marodin, não tem mais como, digamos assim, as
águas do Passo da Mangueira se espraiarem por aquela região. Isso significa que
há um agravamento local de uma situação. Não existe, ao nosso ver, uma solução
completa a nível local, existe sim um conjunto de medidas que podem e devem ser
tomadas para que a nível local possa se minorar o problema. A solução efetiva é
a conclusão das obras integrantes do polder, ou seja, do sistema de
drenagem de Porto Alegre. Agora, a par disso, é necessário sim que sejam feitas
alguma medidas a nível local. E aí, nós temos que entrar no processo do próprio
Big Shop, porque queremos rapidamente colocar o processo da sua tramitação na
Prefeitura. É um processo que tramita desde 28 de setembro de 1981, portanto, é
um processo que teve longa duração dentro da Prefeitura. Ele teve inicialmente
uma chamada DM, uma Declaração Municipal, que é o documento que o Planejamento fornece
para que se diga o que é possível e o que não é possível edificar na região. A
DM inicial, e nós acreditamos que não haja nenhum problema de má-fé nisso, não
se dava conta de que junto ao terreno existia o arroio Passo da Mangueira,
porque o terreno não contempla o arroio propriamente dito. No momento seguinte,
se viu que junto àquele terreno existia também o arroio Passo da Mangueira,
então, essa DM foi refeita ao longo da história. O fato de não mencionar o
Passo da Mangueira, no momento inicial, a DM não transitou por dentro do
Departamento de Esgotos Pluviais, depois é que ela veio a tramitar. Quando o
processo tramitou pelo Departamento de Esgotos Pluviais, houve um Parecer do DP
que resumidamente indica quais as obras que precisaria o Big Shop fazer para
resolver os seus problemas de drenagem interna, e também alertava na ocasião o
Big Shop de que eles teriam, uma vez não concluídas as obras de defesa contra
as cheias e inundações naquela região, daquele polder, que se precaver
contra o possível refluxo de águas. Isso, efetivamente, foi feito pelo Big
Shop, portanto, ele tratou de resolver os seus problemas de alagamento. Quanto
ao que foi aprovado pelo Conselho do Plano Diretor do Município, é uma
construção de aproximadamente 76 mil metros quadrados, e a construção existente
lá é em torno de 33 mil metros quadrados. Então, ano passado, antes da
inauguração, houve um “habite-se”, uma liberação parcial em que ainda ficaram
pendentes algumas questões, e uma delas, e que aguardamos que o Big Shop venha
até o DEP acertar, é a questão de tratativas junto ao DEP. Isso consta do
processo, faz parte do acordo feito para a liberação parcial do prédio, já que
a construção toda não estava concluída, e havia interesse por parte do
interessado na inauguração. De nossa parte, a problemática dentro do DEP é
conhecida há muito tempo, tanto é que existem os projetos executivos que fazem
parte do programa de drenagem em Porto Alegre, eles existem, e de nossa parte
existe a iniciativa junto à Caixa Econômica Federal, a Secretaria Nacional de
Saneamento tentando, através do programa Pronurbe, negociar verbas para o
programa em que a solução geral deste problema estaria contemplada; a solução
de construção do coletor e da casa de bombas, tentando aliviar as águas do Parque
Minuano não estaria contemplado o problema local, de estabilizar as margens
como do Passo da Mangueira, que poderia ser feito através de uma canalização,
não toda a canalização, mas digamos a estabilização das margens, bem como a
própria dragagem do arroio Passo da Mangueira, que ao nosso ver, ao elementos
que precisam ser contemplados com a participação do Big Shop, já que uma vez se
instalando lá, agravou a situação local do problema.
Em linhas gerais,
meu caro Presidente, acho que é isso que temos a colocar, e através do debate
poderemos colocar mais informações mais resumidamente, é essa a problemática
que enfrentamos naquela região.
Convidamos o Sr. Diretor do DEP
Vicente Rauber a uma reunião no Rotary Clube Sarandi. Lá, presente essa
comunidade, que colocou a sua indignação com a situação. Teve uma senhora que
disse já estar dando os primeiros passos na Justiça. Aqui, a minha primeira
grande preocupação, embora este encontro amistoso, sou obrigado a colocar,
mesmo que causticamente, a forma acintosa como o Diretor Vicente Rauber se
dirigiu a esses comunitários aqui presentes. Disse, na Justiça, que o DEP
cortaria os investimentos no Sarandi. Uma ameaça preocupante. Evidentemente que
pode ter sido apenas num momento emocional, mas me preocupa, como representante
popular, ter partido do Diretor do DEP.
A segunda situação preocupante é
a que vem agora: a comunidade insistiu com o DEP, porque paga impostos, paga
IPTU e chega a pagar a taxa de esgotos. Um cidadão se insurgiu contra a taxa de
esgotos e, naquele momento, houve uma atitude, tomara que seja passageira, de
até certa grosseria do Diretor do DEP. Mas insistiram, e eis porque estão aqui
os Diretores do Big Shop e da Distribuição do Grupo Real, porque a comunidade
insistiu em que era obrigação do DEP desassorear, até porque parte do leito foi
assoreado com a construção do Big Shop e o Sr. Diretor do DEP afirmou e
reafirmou compromisso do Big Shop e do Real de fazer esse desassoreamento, e
nós temos informações de que a realidade não é bem esta. Eu tenho consciência
da minha obrigação como mandatário popular de socorrer uma comunidade que saiu
traumatizada e saiu, até certo ponto, desprotegida no Rotary Club do Sarandi.
Então, em nome desta
responsabilidade, de gravidade dos fatos, estão aqui o Diretor do DEP e os
representantes da iniciativa privada que fizeram aquela beleza que é o Big
Shop, que presta um excelente serviço a Porto alegre, mas a comunidade deseja
saber se existe este compromisso do Big Shop ou o compromisso é das autoridades
públicas, porque a comunidade e este Vereador irão prosseguir. Nós
encaminharemos, se necessário for, pela defesa comunitária ao Ministério
Público e desaguaremos na Justiça. Porque não é possível permanecer esta
situação para quem paga impostos e tem a penalização, inclusive foi entregue ao
Presidente da Casa a fotografia do último alagamento, com água dentro das casas
como em 20 anos não acontecia, e está acontecendo agora. Evidentemente que foi
explicado quanto à DM, uma DM equivocada, depois uma retificada, houve o
habite-se parcelado, mas não se foi ao fulcro da questão. O que nós queremos é
que diante de um suposto causador que seria a construção do Big Shop tenhamos
alguém com a responsabilidade de socorrer a população, por isso está aqui a
comunidade e a razão desta convocação para este debate.
O SR. VICENTE RAUBER: Acho que há algumas questões que poderemos colocar tranqüilamente.
Primeiro, a janta no Rotary. Fomos convidados, segundo as palavras do Vereador,
para nos homenagear em função de um serviço que não realizamos no prazo
cumprido, tínhamos realizado muito antes do prazo cumprido. Quando lá chegamos
havia um clima muito pesado. Nós tivemos que responder acusações da seguinte
ordem: que a Administração Popular, não sei se era a Administração Popular o
PT, era responsável por todos os barracos existentes dentro do arroio e nas
margens do Sarandi. Quer dizer, eu evidentemente, tive que levantar e, digamos
assim, repor a verdadeira história diante de todos os problemas recessivos que
a Nação inteira vive, o processo de pauperização da nossa população é grande, e
com certeza o número de barracos e de subabitações em Porto Alegre é grande e
tem crescido muito nos últimos tempos - e esse não é um problema recente, é um
problema muito antigo.
Quanto à outra questão de
suspender os investimentos da região, eu quero aqui afirmar claramente o
seguinte – e qualquer pessoa que já executou uma obra sabe perfeitamente como é
que se toca uma obra – eu disse o seguinte: nós vamos continuar lutando na CEF
e queremos o apoio tanto da comunidade, do Rotary e dos parlamentares para que
sejamos bem sucedidos em nossa negociação. No entanto, quero ressalvar, e
qualquer um que execute a obra sabe disso, é muito complicado, é muito difícil
você fazer uma obra daquele porte, numa comunidade em que você está
conflitando. Você não consegue tocar a obra adiante, isto é um fato real,
qualquer um que toca a obra faz isto. E o maior exemplo é que nós continuamos
lutando dentro da Caixa Econômica Federal e da Secretaria Nacional de
Saneamento. Nós continuamos fazendo isto, e eu sei que isto é uma questão
simplesmente de superar. Eu reafirmo, nós não vamos tocar a obra em regiões em
que existam conflitos sérios. Porque, primeiro, nós temos que resolver o
conflito porque senão compromete a própria obra. Como acontece o problema? O
Município vai, toma um empréstimo, esse empréstimo passa a vigorar exatamente
no momento que ele é assinado, e é tomado, corre o juro e você tem que fazer a
obra render. Esse é o compromisso que nós temos lá no DEP, e acho que
testemunhas de que estamos fazendo assim, que estamos aplicando com toda a
acuidade qualquer centavo que lá aparece. Então é isso que acontece. Se temos
problemas numa determinada comunidade, seja por culpa do governo, seja por
culpa de quem for, temos que resolver este problema antes, senão compromete a
obra. Isto eu reafirmo aqui, isto eu reafirmo em qualquer lugar. Se eu não
consegui expressar bem isso naquela ocasião, houve um desentendimento, e eu
quero reafirmar: é isso o fato real.
Quanto à questão do Big Shop, o
nosso entendimento, eu não disse que nós tínhamos o compromisso com o Big Shop,
nós temos aqui uma pendência com o Big Shop. Eu quero reafirmar exatamente
isto, eu nunca disse que nós tínhamos esse compromisso com o Big Shop, tanto é
que eu sempre disse o seguinte: nós sequer tivemos uma só negociação com o Big
Shop. Então, se nós nunca tivemos uma só negociação com o Big Shop, como é que
vamos ter algum compromisso, não poderíamos tê-lo. Existe aqui uma pendência, e
dentro dessa pendência, nós vamos solicitar, sim, que o Big Shop trate de nos
ajudar a resolver os problemas que lá existem. Eu, pessoalmente, acho por
exemplo, que até poderia partir dessa Casa aqui uma avaliação mais efetiva em
relação aos grandes empreendimentos, ou empreendimentos de um determinado porte
que, pela sua implantação, acabam causando inundações nas áreas vizinhas. O
ideal seria que, quando construíssemos nossas cidades, nem os morros e nem os
banhados fossem ocupados. Lamentavelmente, assim não acontece. E a natureza
cobra o seu preço. Isto é comum acontecer: quando se vai instalar um
empreendimento do porte do Big, ele trata de se aterrar, no momento em que não
absorve mais a água que para lá se espraiava, ele vai arrebentar no vizinho. É
exatamente isto o que acontece. Agora, a legislação que temos hoje em relação a
isto, tenta proteger o Poder Público no sentido de fazer alguma coisa, mas, na
minha opinião, é uma legislação frágil. Poderia, por exemplo, a Câmara
Municipal de Porto Alegre aprovar alguma lei que digamos assim: aquele
empreendedor teria que ajudar a resolver os problemas locais que são causados
em função disto. É isto.
O SR. JOSÉ VALDIR
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, queria que a Mesa me esclarecesse
se é permitida colocações ou perguntas; ou as duas coisas.
O SR. PRESIDENTE: Primeiro, informamos que é praxe nesta Casa o Vereador ter dez minutos
para suas exposições e perguntas. Só. E o que se tem feito é inscrever numa
primeira ordem os Vereadores e, posteriormente, abrir espaço para nova
inscrição para os Vereadores que se manifestaram inicialmente. Como temos
apenas três, tomamos esta medida.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sem querer contraditar a Mesa, há duas semanas fiz exposição e fui
impedido – V. Exª estava presidindo os trabalhos – por uma Questão de Ordem
dirigida pelo Ver. Luiz Machado e apoiada pelo Ver. João Dib.
O SR. PRESIDENTE: Um Vereador tem dez minutos para formular perguntas e deve embasá-las
para fazer objetivamente as mesmas. Portanto, deverá fazer uma pergunta.
Com a palavra Wilson Santos.
O SR. WILSON ARAÚJO: Eu só quero, ao formular a pergunta, dizer que efetivamente o Sr.
Diretor do DEP foi convidado no Rotary, porque eu, particularmente, tinha um
agradecimento a fazer e estendi a ele, e foi comunicado que haveria
reivindicações. A pergunta que quero fazer é se reivindicações, reclamações
justas, são conflitos? E se esses conflitos, na concepção do Diretor, impedirão
o socorro urgente que a comunidade precisa? Dentro da mesma pergunta, quero
dizer que ficarão duas verdades: a minha verdade e da comunidade que me chancela
aqui, de que foi afirmado que existe um compromisso do Big Shop, e o que nós
queremos do Diretor do DEP é esse esclarecimento. Não há, então, compromisso do
Big Shop, e nós saberemos que o único responsável pela solução do problema
alargamento do arroio e desassoreamento é o DEP.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente; representantes do Big Shop, meu caro diretor do DEP;
Srs. Vereadores. Antes de mais nada, eu devo dizer ao Ver. José Valdir que a
Questão de Ordem formulada pelo Ver. Luiz Machado, e apoiada por mim, está
absolutamente certa. O art. 202, do Regimento Interno, diz que as perguntas
deverão ser objetivas e sucintas, sendo vedado qualquer comentário posterior. A
dúvida foi o comentário posterior. Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu
caro Diretor do DEP, meus cumprimentos pela colocação perfeita, demonstrando
pleno conhecimento do problema. Ao mesmo tempo que demonstrou que conhecia o
problema plenamente também disse das soluções definitivas e das soluções
paliativas. Entendo que as definitivas seriam mais longas, mais demoradas e
mais difíceis e mais custosas, inclusive; e as paliativas, o que não ouvi é
quando poderão ser feitas, porque eu conheço o Parque minuano há 30 anos. Como
profissional, um dia eu construí uma casa numa rua que, depois, como Vereador,
eu dei nome: Rua Ricardo Gavenski. Recentemente é que eu tenho recebido apelos
telefônicos nas grandes chuvaradas de pessoas amigas que tenho lá e que
reclamam. Então, eu pergunto: que medidas paliativas e quando o DEP poderia
tomá-las? Acho que isso tranqüiliza a todos.
O SR. VICENTE RAUBER: Bem, uma eu já respondi. Eu disse que, apesar daquela reunião com
reivindicações, nós tratamos todos os dias, havia um clima muito pesado naquela
reunião. Não vou entrar no mérito quem armou o clima pesado e porque que ele
estava pesado. Nós tivemos que responder questões, que por favor, ultrapassaram
um pouco os limites de discutir problemas de alagamentos, e nós tratamos de
responder.
Quero dizer que
não só aquela Bacia do Passo da Mangueira do Sarandi tem toda a nossa atenção
hoje, depois da Bacia do arroio da Areia, do Passo da Areia, da Santa Maria
Gorete. Não temos a menor dúvida de que aquele é um dos pontos críticos da
cidade que nós temos que atacar e estamos tratando de trabalhar, diuturnamente,
em cima disto. Agora, volto a reafirmar, não dá para trabalhar em conflito,
porque senão a obra não anda, é uma questão técnica que tem que ser resolvida.
Agora, quanto à competência de fazer isso, quero dizer que esta é uma bela
briga, porque a Constituição Federal está acima de todos nós, e no seu art. 21,
incisos XVIII e XIX, diz literalmente o seguinte: “compete a União tratar de
forma permanente”; portanto, não é apenas quando ocorre, mas de forma
permanente, portanto, não é apenas quando ocorre, mas de forma permanente, dos
problemas de alagamentos e de cheias. O que fez a União até agora? Extinguiu o
DNOS e deixou os Municípios literalmente pendurados no pincel. Não quero entrar
nesta polêmica, só quero dizer que se nós levarmos isso para o campo das competências
jurídicas, nós podemos passar dois ou três anos discutindo e não resolver os
problemas. A nossa opção é tratar de nos acertarmos e resolver os problemas. É
o que temos procurado fazer em toda a Cidade.
Agora, quanto à
questão de medidas paliativas, Dr. Dib, nós podemos tentar desassorear a rede e
limpar bocas-de-lobo. Isto o nosso Departamento de Conservação, lá, tem feito
permanente, dentro do possível, dentro ainda dos seus recursos que já não são
tão limitados, mas ainda não completamente suficientes. Fora isso, acho que
temos que discutir com o Big Shop, o problema que está lá e tomarmos medidas
conjuntas. Na nossa agenda estava anotado que deveríamos procurar a direção do
Big ainda esta semana, acho que temos que abrir um pouco mais o próprio canal
do Passo da Mangueira, enfim estudar algumas alternativas. Como o senhor bem
disse, são paliativas, elas vão minorar os problemas, elas não vão resolver os
problemas definitivamente. Neste tipo de coisa, nós sempre temos muito cuidado
para procurar ressaltar o nível de solução que a gente consegue dar a esse tipo
de problema. É isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. representantes da Empresa
Govis e da Big Shop, Srs. Vereadores, em primeiro lugar queria dizer que
realmente é um assunto muito importante, que todos, certamente, conforme já
disse também o Ver. Dib, têm preocupação em resolver. Mas, antes de fazer o
questionamento ao Sr. Diretor do DEP, eu queria, assim de uma forma fraternal,
dizer ao Ver. Wilson Santos que nos pareceu um pouco exagerada a posição dele,
no sentido de fazer com que todo o nosso Legislativo se mobilizasse, duas
empresas, o Diretor do DEP para uma discussão que poderia ter sido, na hora,
dirimida e que de parte dele houve, no nosso entendimento, um mal entendimento
do processo. Um Diretor que é convidado para um almoço no Rotary para ser
homenageado, chega lá e recebe uma série de inquisições e desaforos ou coisa
que o valha, não vou entrar no mérito. Não pode, agora, a Câmara querer dirimir
essas discussões aqui, acho que o que é importante que a comunidade presente,
as empresas, nós todos devemos levar em consideração é que este assunto não tem
sido resolvido na atual Administração, embora os esforços, e que só vai ser
resolvido, e aí eu queria colocar quais seriam as propostas, quais seriam as
questões que o Diretor do DEP vai propor, por exemplo, às empresas,
principalmente ao Big Shop, no sentido de nós termos uma colaboração nisso.
Porque todos nós sabemos, e eu trabalhei muitos anos como profissional e
trabalhei algum tempo na Secretaria do Planejamento, e sei o quanto, muitas
vezes, são criticados os organismos da Prefeitura por querer saber de mais
detalhes, por exigências técnicas com relação ao uso adequado do solo. E, por
mais que os projetos sejam examinados, que as empresas, os projetistas queiram
fazer certo, muitas vezes acontecem obras que deixam ou criam problemas,
inadvertidamente, mas criam problemas sérios.
Na área do alagamento, das
inundações, isso é muito comum. Depois da construção do Shopping Center
Iguatemi, tivemos problemas seriíssimos, porque não houve um cuidado – como
deveria ter havido – por parte de todos os setores. Não quero falar se foi a
empresa ou a Prefeitura, mas não houve a devida precaução. Agora, estamos tendo
outros problemas e não dá para dizer que é por culpa do Big Shop, acho que são
problemas que vêm de longe, mas quem está perto da área, a própria comunidade,
certamente quer-se entrosar no sentido de buscar solução para isso. Queria
tirar proveito dessa reunião, Ver. Wilson Santos, no sentido de nos orientarmos
daqui para frente, porque pareceu-me que o motivo da reunião foi uma questão
que poderia ter sido dirimida entre o Vereador e o Diretor, ou através de um
outro processo. Já que mobilizamos pessoas tão importantes, vamos tentar ver se
daqui tiramos uma proposta porque, conforme disse o Ver. Dib, mesmo com
soluções paliativas, nós não vamos ter garantias de que não haja uma quantidade
grande de chuvas e, de repente, coincidam coisas e aconteça tudo de novo.
Então, Sr. Diretor, a pergunta é: já existe alguma coisa encaminhada nesse
sentido, no tocante a propostas para as empresas e a comunidade e, além disso,
nessas grandes obras que o DEP está realizando, há programada, a curto prazo,
alguma coisa nessa área? Muito obrigado.
O SR. VICENTE RAUBER:
O Ver. Clóvis coloca algumas questões. O Processo
tramitou desde 1981. Num primeiro momento, a própria DM não tinha considerado a
presença do arroio, o que foi corrigido depois, durante o processo. Por um
lado, há o problema do sistema como um todo, a obra está registrada na
Secretaria Nacional de Saneamento e também na Caixa Econômica Federal. Nós
estamos, neste momento, detalhando o custo e negociando com a Caixa. Qual a
certeza de que iremos conseguir o financiamento, não tem que perguntar a nós,
tem que perguntar para a Caixa e o Governo Federal. De nossa parte, existe todo
o empenho no sentido de conseguir levar adiante.
A segunda questão, a questão mais
local, emergencial de minorar o problema está aqui numa pendência dentro do
Processo que DEP e Big Shop não sentaram ainda para resolver os problemas
locais da pendência registrada do processo, independente do Processo que não
está no DEP. Nós requeremos ontem o Processo para lá, nós já estávamos tratando
de tomar a iniciativa de negociar alguma coisa com o Big Shop. É isso. E quanto
ao Marodin, que certamente a comunidade quer alguma resposta também, o Marodin,
o Processo do Marodin está, neste momento, refazendo o Processo justamente para
se adequar, no sentido de minorar os problemas isoladamente, do jeito como o
Marodin havia encaminhado o Processo, ele foi indeferido já pela nossa
Administração. Ele já está refazendo o Processo. Eu não conheço todos os
detalhes do Processo da empresa Marodin.
O SR. PRESIDENTE
(Wilson Santos): Próximo Vereador inscrito para questionar, Ver.
Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Dr. Vicente, eu acompanhei, porque era um amigo meu que
dirigia o DNOS, o processo de extinção do DNOS, que foi um horror. Foi extinto
de uma forma abrupta, e também dragas que estavam ali – e V. Exª deve conhecer
– perto da Empresa Zamprogna, foram retiradas da dragagem que estavam fazendo,
recolhidos para o pátio do DNOS a dez metros da própria empresa Zamprogna, e
depois esta máquina terminou - pelo que eu sei – lá, em Camaquã e a outra foi
para Capão da Canoa. Eu tenho lido nos jornais que a Prefeitura está em
negociação com os liquidantes do DNOS para assumir estas máquinas.
A primeira pergunta é se efetivamente
está ocorrendo, se estas máquinas do DNOS efetivamente vão, ou estão indo para
a Prefeitura. Não seria o caso de aproveitar e fazer como primeiro trabalho
esses serviços nessas zonas? Porque, pelo que sei, são máquinas potentes e que
eventualmente tenham ou teriam um custo menor. E a colocação que eu faria a V.
Exª, que está preocupado com esse jantar que estava muito pesado e não sabia os
motivos: quem sabe foi o cardápio? Tenho certeza que não foi nada contra o
senhor e nem contra o Vereador. Tenho a impressão que foi uma decorrência por
outro motivo. Se V. Exª fizer obras os outros jantares serão menos pesados.
O SR. VICENTE RAUBER: Da minha parte, a questão do
jantar está superada, pelo menos da minha parte. Tanto é que no outro dia eu
continuei trabalhando com o mesmo afinco e nos mesmos problemas. Eu apenas
ressaltei que não é possível obra tranqüila em região conflitante, tem que
resolver o conflito. E aí eu sou muito claro, se o conflito se chama Diretor do
DEP, é muito simples resolver o conflito. Eu acho que não é por aí, a nossa
função é resolver problemas. Se nós não estamos lá para resolver problemas,
então nós temos que sair de lá.
Quanto a questão do DNOS, nós tivemos na semana passada uma audiência
com o Engenheiro Nino Bothini, da Secretaria de Desenvolvimento Regional que,
segundo Decreto Presidencial, estão agora afetas as atribuições do DNOS no que
concerne ao problema da drenagem urbana, não ao que concerne ao problema da
irrigação. Parte da atribuição do DNOS, por esse mesmo Decreto, passa para o
Ministério da Agricultura. Depois de tentarmos durante muito tempo uma
audiência em Brasília, nós tivemos a oportunidade de receber esse dirigente da
Secretaria de Desenvolvimento Regional da Presidência da República, numa
audiência junto com o Prefeito Olívio Dutra. Na oportunidade, nós fizemos
quatro reivindicações. Primeiro, que tivesse continuidade o convênio histórico,
aquele que designava 50% das atribuições para o DNOS, que, da nossa parte, não
tem problema, de ser desenvolvimento através da Secretaria de Desenvolvimento
Regional. Nós não disputamos siglas, nós disputamos parceria do Governo Federal
nas obras importantes da Cidade, que pudesse ser retomado aquele Convênio que
era, antigamente, 50% do DNOS, 30% do Governo Estadual e 20 % do Governo
Municipal. Lamentavelmente, nós não contamos, hoje, com este Convênio e temos
que arcar quase que sozinhos porque, em algumas obras, tem a participação dos
empresários, com as obras de macro e microdrenagem em Porto Alegre.
Segunda reivindicação, que o Governo Federal concluísse as obras que
ficaram pendentes do antigo Convênio. Vamos citá-las: a conclusão do conduto
forçado do Passo da Areia, a conclusão do trecho de canalização do arroio
Cavalhada e conclusão de trecho de canalização do arroio Passo Fundo.
Terceira reivindicação: que o DNOS nos cedesse um prédio da Av.
Ipiranga, que nós poderíamos utilizá-lo, porque está abandonado.
Quarta reivindicação: que nós tivéssemos a locação de dragas que estavam
literalmente abandonadas para o Município de Porto Alegre.
Bem, as duas primeiras reivindicações foram respondidas da seguinte
maneira: que nós procurássemos negociar com a Secretaria Nacional de
Saneamento. Nós já estamos fazendo isso, nós estamos reivindicando, mas não são
empréstimos. Os empréstimos nós estamos buscando, nós queremos, a exemplo do
que diz a Constituição, que os Governos Federal e Estadual nos ajudem nestas
grandes obras. A questão do prédio da Ipiranga, foi-nos comunicado que já
estava cedido para a Polícia Federal. Tudo bem, a polícia, certamente, precisa
do prédio. E as dragas, nos disseram que teríamos a cedência de três dragas.
Diga-se de passagem que, ontem, o Engenheiro Willy e mais outro Engenheiro do
DEP foram lá para verificar quais as dragas que nós poderíamos receber, as que
ainda sobram carecem de reformas significativas. Mesmo assim, nós estamos
dispostos a reformá-las e colocá-las a trabalhar no Município. Agora, no caso
específico do arroio Passo da Mangueira, nós conseguimos fazer um
desassoreamento, não necessariamente com a draga, já que com uma escavadeira se
consegue fazer o desassoreamento lá.
O SR. DILAMAR
MACHADO: O Sr. Diretor do DEP sabe que, indiscutivelmente, o
grande problema desta Cidade são os alagamentos. Nos últimos alagamentos de
Porto Alegre, eu diria que não foi um privilégio, entre aspas, do Parque
Minuano, mas praticamente de toda a Cidade. Tivemos, há cerca de 30 dias, um
alagamento terrível em Porto Alegre, e não vamos culpar o DEP, muito menos
empresas particulares. É uma questão da Cidade, que deve ser encarada com
planejamento, com recurso. E eu não tenho a menor dúvida de que o Departamento
de Esgotos pluviais se esforça nesse sentido há muito tempo, e tem realizado
algumas obras, pelo menos para amenizar o problema. Mas a Sessão de hoje nos
traz à Plenário não só o Diretor do DEP, o que nos parece muito lógico, a
comunidade do Parque Minuano, e o Ver. Wilson Santos colocou muito bem, é
vítima direta dos últimos alagamentos. E o Vereador levantou uma questão que me
parece prioritária na discussão: esses alagamentos em maior volume ocorreram
após a conclusão das obras do Big Shop. Então, eu, ao invés de questionar o
Diretor do DEP, me proponho a questionar os representantes dessa empresa
privada que aqui estão, o Gerente, o Dr. Lapa, que é o Diretor-Presidente do
Grupo Real de Supermercados, e o Engenheiro que representa a empresa, que
construiu o prédio, uma das maiores e mais conceituadas empresas da construção
civil do Rio Grande do Sul, que é a empresa do Dr. Sérgio Goldztein. A minha
questão eu faria diretamente ao Engenheiro responsável pela obra, se ele, como
profissional, entende que o Big Shop, ou que o prédio de trinta e poucos mil
metros quadrados construído, é responsável por estes alagamentos? Ou se houve
uma coincidência de que após o Big Shop, Porto Alegre sofreu terríveis chuvas,
com volumes insuportáveis para o nosso sistema pluvial, já decadente, velho e
esclerosado há muitos anos? Ou se ele reconhece, como profissional, que houve
algum problema de condução que vem causando esses alagamentos?
Em segundo lugar, eu perguntaria
ao Gerente do Big Shop, aqui presente, se esses alagamentos também atingem a
empresa, se o prédio do Big Shop, por acaso, com estes alagamentos que têm
castigado os moradores do Parque Minuano também não acabou prejudicando a
própria empresa em suas lojas ou depósitos, até para que nós tenhamos uma
posição da empresa privada aqui presente. No meu ponto de vista é quase inédito
o convite à empresa privada para vir discutir um assunto que eminentemente é um
assunto público.
E aí eu colocaria a última
questão para o Diretor do DP: se essa empresa, o Supermercado Real Big Shop é
responsável por esse alagamento, o DP já devia ter há muito tempo tomado
providências de ordem administrativa e legal. Eu me recordo, e o Dr. Lapa
talvez lembre da questão, há uns três ou quatro anos atrás, havia um problema
de alagamento na Jerônimo de Ornellas, eu moro ali próximo na Vieira de Castro,
e se chegou à conclusão através do DEP que o alagamento em parte era provocado
pelo entupimento do sistema pluvial, por causa de um Supermercado Real que
existe ali na Praça da Jerônimo de Ornellas. Era uma questão de graxa, estavam
entupidos os canos. Feita a limpeza, colocadas as tampas, as chamadas
bocas-de-lobo, acabou o problema, quer dizer, não há mais o problema que havia
antigamente.
Então, são essas questões que eu
colocaria e gostaria de ouvir, até para nós termos um rumo melhor na discussão
e na realização desse debate que visa, por iniciativa do Ver. Wilson Santos, resolver
uma situação de fato que existe no Parque Minuano e que não podemos permitir
que continue. Agora, temos que saber quem vai resolver esse alagamento: se é o
DEP ou o Big Shop.
O SR. PRESIDENTE
(Airto Ferronato): Passamos a palavra em primeiro lugar a Diretoria do
Big Shop, caso queira se manifestar.
O SR. LAURO DE
OLIVEIRA LAPA: Eu poderia falar talvez há 25 ou 30 anos atrás,
quando compramos o terreno. Esse terreno de fato era alagadiço. Naquela altura,
talvez há uns 15 ou 20 anos atrás. Os moradores que estão presentes podem nos
dizer alguma coisa, nós, por intermédio do DNOS, e praticamente às nossas
custas, fizemos todo aquele canal com pagamento de diesel e até horas-extras
para que pudesse correr, a fim de podermos eliminar qualquer futura enchente na
zona. Ao longo dos anos, e esse aterro, como diz o nosso Secretário, há 8 anos
já estava aquele aterro, onde estão hoje aqueles pilares, pronto, e o
semi-aterro na frente também naqueles 50 mil metros, já estava ao nível. E, me
parece, que tem acontecido naquela zona, porque procuramos fazer tudo dentro
das normas técnicas, eu não discutiria isso tecnicamente. Por isso, trouxemos o
nosso Engenheiro Abraham. Procuramos fazer às nossas expensas certos serviços
necessários, básicos, para nós, desde o trecho da rua, a rua da sinaleira,
extensão de energia de 8 km, etc. Jamais pensamos que o Big fosse prejudicar ou
o seria o causador dos alagamentos. O canal foi aterrado e nunca a água
ultrapassou, nunca tivemos problemas internos. Parece-nos que outras obras – o
secretário também disse - foram feitas e exemplifico: aterro sanitário, que
deve estar trazendo incômodos, águas, elas vão-se acumulando, pois há anos
atrás acumulavam-se em nossos terrenos; agora, eles estão aterrados.
Não nos sentimos culpados perante
os próprios moradores do Bairro Minuano pelo que está acontecendo no Bairro.
Estamos dispostos a ajudar. Isso está nos trazendo preocupação, pois temos
amigos que moram lá e vamos ter de resolver. Não é algo local que vai resolver
água ou enchentes que venha a ocorrer ali. O canal era torto, no meio, de
acordo com o valo da terra, colocamos reto até o rio, aprofundamos, mesmo
porque na época nem pensávamos em colocar o Big, a sede central; era apenas o
depósito, mas já tivemos essa preocupação. Quanto a hoje, passo a palavra ao
nosso Engenheiro Abraham.
O SR. ABRAHAM
POCZTARUK: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais
presentes; quando se iniciou a obra, tivemos alguns cuidados e algumas
precauções no sentido de que o que fosse implantado em cima não tivesse
qualquer problema com o que conhecíamos que existia na região. De forma alguma
se procurou fazer uma obra de engenharia que prejudicasse a população vizinha e
trazer de forma premeditada algum dano. Nós não nos sentimos e não somos
culpados de absolutamente nada do que está acontecendo, a região é um problema
que decorre de algum tempo neste bairro e que dificilmente a simples limpeza do
leito daquele canal vai resolver o problema. Pode resolver o problema durante
30, 40, 50 dias, mas vai voltar. É um problema muito mais abrangente do que a
simples limpeza daquele canal, problema de contribuição onde, ao construirmos,
levantamos simplesmente até o nível da Sertório, porque aquela zona era
absolutamente baixa e hoje o que acontece? A água toda, não tendo por onde sair
e este canal não estando dimensionado para dar vazão a toda bacia de
contribuição, ela pula para fora.
Portanto, nós estamos dispostos,
se for o caso, a colocar uma máquina à disposição da comunidade ou do DEP, ou
alguma coisa assim, mas não nos sentimos culpados. Não temos absolutamente nada
a ver com isso. Podemos colaborar, agora não podemos ser trazidos aqui como
réus, podemos ajudar a comunidade, sentar com o DEP, como a gente tem feito na
maioria das vezes quando temos que fazer alguma ligações, extensões de redes.
Nós sabemos que não existem verbas, agora é muito difícil resolver aquele
problema limpando aquele canal e não adianta querer iludir o pessoal, porque é
uma obra de grande vulto e depende de recursos substanciais para poder atender
à população. Nós fizemos a limpeza do canal por duas vezes já...
(Apartes da comunidade.)
O SR. ABRAHAM
POCZTARUK: Mas o problema não está ali, o que acontece é que,
com essas enxurradas, o nível de terra que vai para as tubulações se deposita no
leito do rio e vocês terão este problema eternamente. Não é limpando o canal
que vai ser resolvido o canal hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. VICENTE RAUBER: Acho interessante que o colega reconheça que os problemas de
alagamentos não são fáceis de resolver, principalmente os problemas de
assoreamento e de lixo nos canais, nas tubulações que eu sempre digo, não há
Poder Público e não há imposto que resolva este problema, se não houver a
participação da população. No caso específico, Vereador, acho que a abertura
que o Big coloca no sentido de abrir mais o Passo da Mangueira, ele ajuda, mas
não resolve, a solução está em se completar as obras, especificamente duas, a
de se fazer um conduto forçado até o Sarandi, e esse conduto chega até lá e as
águas não entram sozinhas no Sarandi, elas precisam de uma força mecânica para
entrar, que se chama casa de bombas, isso está projetado há muito tempo e está
em negociação com a CEF. Nós temos certeza de que no dia que tivermos que selar
este acordo, a Câmara vai nos ajudar nisso, até porque vai ter que passar por
aqui. Agora, acho que temos que sentar com o Big e tentar, pelo menos minorar
até lá, porque não é uma obra de pequeno porte, e sim de grande porte, para que
nas próximas chuvas possam ser absorvidas de forma menos drástica.
Eu queria aproveitar para
responder para o Ver. Vicente Dutra, que é a questão do Bairro Anchieta, que
nós também abordamos nessa audiência com dirigentes da Secretaria de
Desenvolvimento Regional da Presidência da República, e ficou acordado entre
nós um esforço para tentar encontrar uma solução, especialmente, para a casa de
bombas nº 06, que ainda continua com DNOS, mas que está numa situação
extremamente deficiente. O que o Secretário nos prometeu na ocasião é que ele
envidaria esforços no sentido de encontrar uma solução, e nós também estamos
tentando negociar alguma coisa com o empresários da região. Era isso.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, como para alguns intérpretes do Regimento, a ordem dos
fatores altera o produto, eu vou comentar antes e perguntar depois. O meu
comentário pretende analisar este problema de forma global. O problema das
enchentes da Zona Norte tem preocupado não só a comunidade do Passo da
Mangueira e Parque Minuano, como também tem preocupado a Vila Meneghetti, o
Passo d’Areia e a Vila Elizabete, que têm feito várias reuniões com a presença
do Diretor do DEP, que não precisou ser convidado com esse estratagema de
participar de um jantar, com cardápio enganoso. O cardápio era claro: discutir
o problema dos alagamentos e até pressionar o DEP. E o Diretor nunca se escusou
de comparecer, embora não tivesse nenhum jantar. E o que a gente constata é que
esse problema que, já é histórico, vem se agravando por diversos motivos.
Sempre dito, mesmo sendo leigo no assunto do ponto de vista técnico, que esse
problema tem causas históricas e conseqüentemente exige soluções emergenciais e
soluções estruturais, e que vem se agravando, também por causa do liberalismo
muitas vezes dos próprios órgãos competentes que aprovam obras que não deviam
ser aprovadas. Estranhamente, porque, muitas vezes para aprovar um Projeto de
uma casa de vila popular, é uma dificuldade enquanto se vê prédios nesta Cidade
que não deveriam ser aprovados, pois causam problemas a terceiros e à própria
Cidade como um todo. Então é um problema sério. Se a gente fosse fazer um
debate global - e eu acho que temos que fazê-lo aqui na Câmara – sobre o
problema dos alagamentos, quem sabe um seminário começando pelos alagamentos na
Zona Norte, iríamos chegar às razões históricas e, se fosse o caso, identificar
os responsáveis. Iriam surgir muitas surpresas. Acho que é um problema
extremamente sério. Algumas eu creio que já foram respondidas. Agora, vou
insistir na pergunta do Ver. Dilamar Machado. Eu ainda não sei se, com a
construção do Big Shop se aumentou ou diminuiu o problema dos alagamentos e se
há como quantificar isto. A comunidade afirma que aumentou. Outra questão que
acho que já foi respondida, mas deixo a critério do Diretor: quais as soluções
planejadas e em implementação para este problema na região. Solicito ao Diretor
fazer um resumo sobre esses dois tipos de soluções. O que já está sendo feito e
o que será feito? Muito obrigado.
O SR. VICENTE RAUBER: Não quero entrar no campeonato de dizer quais os problemas piores, se o
da Zona Norte ou Sul, porque na Zona Sul tem problemas sérios na Cavalhada, na
Sanga da Morte. Isto queria liquidar o quanto antes. Tenho consciência que não
vamos liquidar isto na nossa gestão, mas acho que ela pode imprimir um ritmo de
soluções que a própria comunidade gostaria e exigiria que seja assim feito.
Hoje na região norte continuamos com obras significativas dentro do Sarandi.
Tínhamos lá uma região chamada N. Srª Aparecida que há muito tempo não se sabia
sequer para onde as águas saiam e depois de estudo complexo feito pelo
Departamento conseguimos saber qual a rede, qual o conjunto de redes coletoras
que teriam que ser feitas. O chamado antigo Valão da Sopal. Todo mundo conhecia
o tal do Valão da Sopal, que era um horror, porque as águas chegavam até lá e
trancavam, não iam adiante. Hoje nós conseguimos transformar o tal do Valão da
Sopal num arroio cuja provocação que eu tenho feito para a comunidade de lá é
que dêem um nome para o arroio, para consagrá-lo como arroio, já que ele é um
importante canal de deságüe daquela região.
Quanto ao planejamento mais
específico lá, da região, é fundamental um conjunto de obras cujos dois
apelidos que nós usamos são Passo da Mangueira e Sarandi, que é a complementação
de um conjunto de obras dentro da bacia do Sarandi, que vão desde aumentar a
cessão, como concluir o dique com a construção de uma casa de bombas; e outro
que é esse conjunto de obras do Passo da Mangueira. Os dois conjuntos de obras
se complementam. Nesse, do Sarandi, está incluindo inclusive, o problema da
Vila Meneghetti. É isso que nós estamos negociando nesse momento com a Caixa e
temos absoluta certeza da importância social daquela obra.
Quanto ao problema específico, eu
queria propor que ainda essa semana nós resolvêssemos com o Big uma pendência
que está dentro do próprio Processo. O Processo é claro, tem uma pendência, não
passou pelo DEP, nós não nos reunimos com o Big ainda para conversar sobre esse
problema. O Marodin, por exemplo, está negociando conosco, vendo qual é a
saída, etc. O Processo dele não está aprovado. Agora, com o Big, nós não
tivemos sequer oportunidade para sentar. Acho que tem que fazer isso esta
semana e daí vamos ver como minorar o problema. O fato de se ter terminado com
aquele banhado agravou a situação de escoamento das águas, esse é um fato real,
vai acontecer em qualquer lugar do mundo e nós temos que enfrentar isso. Então,
a minha proposta é que a gente ache um tempo, sente junto esta semana e
encaminhe uma solução paliativa, como diz o Ver. João Dib.
O SR. WILTON ARAÚJO
(Questão de Ordem): Só a última dúvida. Em que dia processado?
O SR. PRESIDENTE: Brevemente lhe daremos a resposta.
O SR. WILTON ARAÚJO: Essa questão é uma questão que, no meu entender já foi ultrapassada.
Gostaria que na Sessão de hoje, ainda, fosse votado o Requerimento que
formulei, de desentranhamento das peças do Processo, ou seja, dos dois
pareceres da Assessoria Técnica Parlamentar.
O SR. PRESIDENTE: Em breve responderemos.
Com a palavra o Ver. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN:
Sr. Presidente, Sr. Diretor do DEP. Vou pedir
escusas ao Ver. Wilson Santos, mas vou aproveitar uma carona nesta Sessão de
hoje, que está sendo muito elucidativa a respeito de vários assuntos. Não
estamos numa Sessão de caça às bruxas, não estamos inquinando ninguém por isto
ou por aquilo. Isto seria objeto de outras Sessões, e outras considerações.
Mas receio que, brevemente, não a
comunidade do Parque Minuano, mas uma outra comunidade próxima dali vai estar
aqui na Casa pedindo esclarecimentos sobre, possivelmente, outro processo de
alagamento. E eu queria formular uma pergunta muito simples ao Diretor do DEP:
se ele está acompanhando para que não aconteça, o que nós estamos verificando
que aconteceu, isto é, de se propor uma tranca de ferro depois da porta
arrombada. Se o DEP está acompanhando a construção deste novo supermercado do
Zaffari, ali, naquela região que sofre alagamentos constantes a cada chuvinha,
ali naquele perímetro compreendido pela Assis Brasil, Plínio, 18 de Agosto,
Dona Sebastiana, Augusto Severo e Sertório, só isso.
O SR. VICENTE RAUBER:
Bem, a pergunta é importante. A região, ali, caro
Vereador, é a que consideramos a mais crítica hoje, razão pela qual toda a
verba destinada ao DEP, no Programa PIMES, e que já passou por esta Casa e cujo
contrato vai voltar a esta Casa, nós estamos jogando todo o dinheiro do PIMES
lá, para justamente complementar o sistema de drenagem. Isso resolve o problema
todo da região? Não. Não porque as galerias dentro do Bairro Santa Maria
Goretti, as galerias subterrâneas estão completamente assoreadas. Então esse é
o outro serviço que estamos conjuntamente com os empresários tentando realizar
na região. Mais um problema que precisa ser resolvido, reformas na casa de
bombas e colocação de mais uma bomba, enfim, nós temos um diagnóstico completo
na região, há na região uma comissão constituída tanto para fiscalizar o
governo, como para acompanhar o processo do governo. O próprio Ver. Airto
Ferronato é morador daquela região, acompanha o processo e nós pretendemos
chegar, não este ano, ainda, mas já para o ano que vem, com a região
completamente sanada. Nós temos esse programa, são três blocos de obras,
amanhã, de manhã, no DEP vamos receber, abrir as propostas da licitação
nacional para a construção do conduto forçado da Assis Brasil, que é um dos
elementos do programa, e o Zaffari – propriamente - participa da Comissão,
inclusive. Então, ele tem consciência, ele sabe que precisa ajudar o problema,
aliás, eles não se têm negado, os concorrentes do Real, no Passo da Areia, não
se têm negado, e eu acho que vamos chegar a uma boa solução.
O SR. LAURO HAGEMANN:
Eu folgo em saber disso, porque volta e meia a
gente é chamado por aquelas comunidades para explicar a situação dos
alagamentos e as respostas são evasivas, mas, agora, parece que já há uma
condução mais objetiva para a solução do problema.
O SR. VICENTE RAUBER:
Tanto por parte do Governo, como por parte de
acompanhamento e de participação da comunidade, tanto empresarial como dos
moradores que constituíram uma comissão para tal.
O SR. PRESIDENTE: Nós, antes de encerrarmos a Sessão, vamos responder ao Requerimento do
Ver. Wilton Araújo, informando que o Requerimento deverá ser encaminhado à Mesa
por escrito e que, na tarde de hoje não pode ser votado por impedimento
regimental, eis que terças e quintas-feiras não se votam requerimentos nestes
termos.
O SR. ARTUR ZANELLA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu, em contato com os funcionários
da Corag, como eles têm uma assembléia às 17 horas, eles pedem a esta Casa
permissão para retornar à mesma na sexta-feira, de manhã, quando eles querem
apresentar aos Srs. Vereadores os seus problemas, o que ocorrerá nessa
assembléia que eles têm hoje. Então, aquela manifestação que eu faria em
horário de Liderança sobre o assunto da Corag, eu farei na sexta-feira. Eles
estão procurando os gabinetes dos Srs. Vereadores para comunicar isso aí.
O SR. PRESIDENTE: Registrada a Questão de Ordem.
O SR. ARTUR ZANELLA
(Questão de Ordem): Tendo em vista decisão, ao que consta - eu não
estive presente - sobre os funcionários, a respeito da greve geral, eu queria
saber se a Sessão de amanhã é no mesmo horário; se haverá Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Nós teremos uma reunião de Mesa, agora, mas amanhã haverá Sessão
normal. Nós, antes de encerrarmos queremos agradecer as ilustres presenças do
Dr. Vicente Rauber, Diretor do DEP; do Dr. Abrahão Pocztaruk, Diretor-Técnico
da Construtora Goldztein e ao Dr. Lauro Lapa, do Big Shop.
Estão encerrados os trabalhos.
Obrigado, boa tarde.
(Levanta-se a Sessão às 16h.)
* * * * *